terça-feira, 15 de setembro de 2009

Jongos, Calangos e Folias - aula de 6a. feira, 11 de setembro


Oi, pessoal, na aula de 11 de setembro, 6a. feira, debatemos o ótimo DVD Jongos, Calangos e Folias: música negra, memória e poesia, de Hebe Mattos e Martha Abreu, Niterói, LABHOI-UFF, 45 min. Além disso, fizemos alguma referência ao texto [2] PACHECO,Gustavo, (2007) “Memória por um fio: as gravações históricas de Stanley J.Stein” In: LARA e PACHECO, 2007:15-32. Em relação a este texto, o ponto mais importante é a caracterização que ele faz do jongo às pp.16-7:

"O jongo, também conhecido como caxambu ou tambu, é uma dança e um gênero poético-musical característico de comunidades negras de zonas rurais e da periferia de cidades do Sudeste do Brasil. Praticado sobretudo como diversão, mas comportando também aspectos religiosos, o jongo originou-se das danças realizadas por escravos nas plantações de café do Vale do Paraíba, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, e também em fazendas de algumas regiões de Minas Gerais e do Espírito Santo. O jongo faz parte de um amplo grupo de danças afro-brasileiras (tais como o batuque paulista, o candombe mineiro, o tambor de crioula no Maranhão e o zambê no Rio Grande do Norte, chamados genericamente de sambas de umbigada pelo folclorista Edison Carneiro"
(...)
"Estes elementos [do jongo] sugerem laços com práticas culturais dos povos bantu da África Central e meridional, de onde veio a maioria dos escravos que trabalhavam nas fazendas do Sudeste do Brasil."

- Além disso, outras observações importantes feitas neste artigo são:
(pp. 27-28) Os jongos como parte de uma tradição coletiva das comunidades afro-descendentes no Sudeste
(pp.30-31) A relação estreita entre Jongo e Calango
- Os comentários acerca do jongo "Embaúba é coroné" e dos jongos relativos à Abolição gravados por Stein

Novo CRONOGRAMA

Oi, pessoal, conforme dissemos na aula passada, devido à antecipação da nossa ida ao Quilombo São José para a manhã do dia 23 (6a. feira, 8h da manhã), tivemos que fazer algumas mudanças no cronograma, antecipando em uma aula as leituras. Eis o novo cronograma:

AULA 9 16/09 [3] STEIN,Stanley J., (1990) Vassouras, Capítulo VIII (“Religião e festividades na fazenda”) E [4] JONGO DO QUILOMBO SÃO JOSÉ, (2002); Leituras recomendadas [3B] : Capítulos VI (“Senhor e escravo”) e VII (“Padrões de vida”).

AULA 10 18/09 [5] SLENES,Robert W. (2007) “’Eu venho de muito longe, eu venho cavando’: jongueiros cumba na senzala centro-africana”

AULA 11 23/09 HISTÓRIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE: [6] POLLACK,1992: “Memória e identidade social”

AULA 12 25/09 HISTÓRIA DE VIDA - PROBLEMATIZANDO: [7] BOURDIEU, 1998: “A ilusão biográfica” In: FERREIRA e AMADO, 1998:183-191.

AULA 13 30/09 HISTÓRIA DE VIDA – UM EXEMPLO: [8] PORTELLI, “The best garbage man in town: life and times of Valtèro Peppoloni, worker” In: PORTELLI,1991:117-137.

AULA 14 02/10 [9] THOMPSON,1992, capítulo 6 Projetos de H.Oral, exemplos

07 e 09 Out. Ida ao Congresso da AHORA – Associação de História Oral da República Argentina Para apresentar o trabalho “Memória de bicho”

AULA 15 14/10 [10] THOMPSON,1992, capítulo 7 Objetivo, roteiro e procedimentos da entrevista;

AULA 16 21/10 [11] Leitura de entrevistas realizadas anteriormente com pessoas do Quilombo S.José Objetivo, roteiro e procedimentos da entrevista;

23, 24 e 25/10 Ida ao Quilombo S.José na 6ª. Feira às 8h da manhã; sábado à noite e domingo de manhã para entrevistas; Retorno domingo após almoço REALIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Parte II da Apostila - aula de 9 de setembro - 4a. feira

Oi, pessoal, na aula de 9 de setembro, 4a. feira, terminamos de debater os textos [1] e [1b] e trabalhamos com a parte II da Apostila, relativa à cronologia da História Oral no Brasil. Eis a Parte II da Apostila, que inclui também recomendações bibliográficas acerca da História da História Oral (os textos mais importantes estão marcados em negrito) e recomendações de sites de História Oral:

PARTE II:

CRONOLOGIA – A História Oral no Brasil

BIBLIOGRAFIA acerca da história da História Oral

SITES de interesse

Rio de Janeiro - 2009




História Oral – Marcos Alvito

HISTÓRIA ORAL NO BRASIL - CRONOLOGIA

1973 :
- Primeira edição de Memória e Sociedade – Lembranças de Velhos, de Ecléa Bosi (embora a autora não use a expressão História Oral); a princípio, é um trabalho da área de psicologia, mas que acabou servindo de modelo aos oralistas.

1975 :
- Cursos de História Oral (PG Lato Sensu) fornecidos por especialistas mexicanos e norte-americanos na FGV-RJ, com base no currículo do Oral History Program da Columbia University; público específico de professores e pesquisadores das áreas de história e ciências sociais de várias instituições. O patrocínio era da Fundação Ford (+ CAPES), a qual também financiou uma iniciativa semelhante no México, a qual veio a redundar na criação do Archivo de la Palabra. Na verdade, a F.Ford financiava, desde 1973, a criação de um grupo para criar uma infra-estrutura de documentação para a pesquisa na área de Ciências Sociais do qual surge em 1974, com autorização do MEC, o Grupo de Documentação em Ciências Sociais (inicialmente com representantes da BN, do AN, da FGV e do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação que foi substituído em 1976 pela Casa de Rui Barbosa).
- - Surgem os primeiros programas de História Oral no Brasil: na UFSC (estudo da política regional) e no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea (CPDOC) da FGV (estudo das elites políticas brasileiras); embora o uso de entrevistas orais já fosse corrente entre cientistas sociais, a novidade estava na constituição de acervos de depoimentos orais de história de vida.


1976 :
- Publicação em português (no Brasil só em 1978) da obra coletiva Memórias do exílio: muitos caminhos, organizada por Pedro Celso Uchôa Cavalcanti e Jovelino Ramos.

1977:
- Carlos Humberto P.Corrêa (UFSC) defende sua dissertação de mestrado O documento de história oral como fonte histórica e coloca a público o primeiro Catálogo de Depoimentos.

1978:
- O mesmo Carlos Humberto P.Corrêa publica o livro História Oral. Teoria e técnica. Florianópolis: Editora da Universidade Federal de Santa Catarina.

1979:
- Programa de História Oral da Fundação Joaquim Nabuco (PE)

Década de 1980: - Em 1980, publicação de OLIVEIRA,Albertina et alii. Memórias das mulheres no exílio. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
- Surgem novos programas de História Oral em PE e BA; realiza-se o 2º curso com especialistas estrangeiros sob a coordenação do prof. William Moss, diretor da Biblioteca John Kennedy; surgem também programas de História Oral fora da universidade, como o Programa Memória Judaica da Fundação Marc Chagall no RS e a Memória da Saúde na FIOCRUZ-RJ; cresce também o interesse na memória das grandes empresas estatais e agências governamentais, p.ex. criação em 1986 do Centro de Memória da Eletricidade no Brasil da Eletrobrás; instituições semelhantes também se interessaram por projetos de História Oral: Petrobrás, Banco Central, Ministério das Relações Exteriores, muitas vezes contratando instituições especializadas (CPDOC e Fundação Joaquim Nabuco).

1982 :
- Criação, na UFF, do Laboratório de História Oral e Iconografia, a partir do projeto de pesquisa "História operária do Rio de Janeiro", dirigido pelas Profas. Eulália Maria Lahmeyer Lobo e Ismênia de Lima Martins.

1983 :
- (ano da abertura política) X Encontro Nacional de Estudos Rurais e Urbanos realizado pelo CERU (Centro de Estudos Rurais e Urbanos) na USP, com mesas-redondas sobre o uso da história de vida.
- Seminário de História Oral realizado em Salvador pela Fundação Cultural da Bahia, o PPG em C.Sociais da BA; além de reflexões acadêmicas, pretendia-se estabelecer bases para um intercâmbio científico e institucional permanente entre pesquisa e pesquisadores

1985 :
- Publicação de QUEIROZ,Maria Isaura Pereira. Variações sobre a técnica do gravador no registro da informação viva. São Paulo: CERU / FFLCH / USP, Coleção Textos.

1986 :
- Publicação de LIMA,Valentina da Rocha (org.). Getúlio. Uma história oral. Rio de Janeiro: Record.

- Na década de 1990 ocorrerá um verdadeiro boom da História Oral no Brasil, sem dúvida ligado ao processo de redemocratização política cujo marco mais importante é 1989 (eleição presidencial por voto direto)

1992 :
- Publicação da edição brasileira do clássico de Paul Thompson A Voz do Passado (1ª ed. Inglesa de 1978, 2ª ed. (modificada) em 1988)
- A História Oral passa a figurar como disciplina instrumental no novo currículo do curso de graduação em História da UFF

1993 (abril):
- Encontro Nacional de História Oral em SP. Apresentação de 25 trabalhos, com 125 pessoas inscritas, representando cerca de 30 instituições. Proposta de criação da Associação Brasileira de História Oral.
- Os principais encontros acadêmicos da área de história (ANPUH) e de ciências sociais (ANPOCS) incluíram em sua programação cursos, conferências, mesas-redondas e grupos de trabalho dedicados à discussão da História Oral.

1994 (abril):
- II Encontro Nacional de História Oral: História Oral e Multidisciplinaridade (coordenação geral do CPDOC) – 250 pesquisadores, 60 papers distribuídos em 7 grupos temáticos: questões metodológicas; tradição oral e etnicidade; instituições; elites e militares; gênero; trabalho e trabalhadores; constituição de acervo); dos que apresentaram trabalhos, 62% eram doutores, 34% mestres e 3,7% graduados. Historiadores eram 51%, cientistas sociais 34%, profissionais de educação e letras 3,7% e enfermagem, psicologia e saúde pública com 1,8% cada.
- (29 de abril) Criação da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HISTÓRIA ORAL: “congrega estudiosos e pesquisadores das áreas de história, ciências sociais, antropologia, educação e demais disciplinas das ciências humanas de todas as regiões do país. Seus associados têm em comum o uso da história oral em suas pesquisas, isto é, a realização de entrevistas gravadas com pessoas que viveram ou testemunharam acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida, ou outros aspectos da história contemporânea”

1995 (abril):
- Primeiro Encontro Regional de História Oral/Sudeste-Sul, organizado pela Associação Brasileira de História Oral

1996:
- Publicação do “1º” manual brasileiro de História Oral, o Manual de História Oral de José Carlos Sebe Bom Meihy (4ª ed. em 2002)

1998:
- Publicação da Revista História Oral, pela Associação Brasileira de História Oral. (um 2º número foi lançado em 1999);
- (junho) realização, no Rio de Janeiro, do X Congresso Internacional de História Oral, no Rio de Janeiro

2008 (22-25 abril):
- IX Encontro Nacional de História Oral - "Testemunhos e conhecimento"
São Leopoldo (RS) ;
- Atualmente há diversas associações regionais de História Oral filiadas à ABHO, representando cada uma das regiões brasileiras: Sudeste, Sul, Centro-Oeste,Nordeste e Norte; estas associações regionais também realizam encontros.
- A revista História Oral encontra-se atualmente no número 9 janeiro – junho 2006)

2009: Neste ano ocorrerão quatro encontros regionais, a saber:

- V Encontro Regional Sul de História Oral
Marechal Cândido Rondon (PR), 25 a 29 de maio de 2009
- VIII Encontro Regional Sudeste de História Oral
Belo Horizonte, 5 a 7 de outubro de 2009
- VI Encontro Regional Norte de História Oral
Tocantins, 13 a 16 de outubro de 2009
- VII Encontro Regional Nordeste de História Oral
Aracaju, 26 a 29 de outubro de 2009
Bibliografia específica sobre a história da História Oral

ALBERTI,Verena
(1990) História Oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro:FGV.

BOURGUIÈRE,André
(1986) Dictionnaire des sciences historiques. Paris:Presses Universitaires de France, verbete “Orale (Histoire)”, Philippe Joutard, pp. 495-497.

BURKE,Peter (Org.)
(1992) A escrita da história – novas perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista. Artigo “História Oral”, Gwiyn Prins, pp. 163-198.

FERREIRA,Marieta de Moraes (org.)
(1994) História Oral e multidisciplinaridade. Rio de Janeiro: Diadorim, 1994. O importante artigo de Michel Trebitsch: “A função epistemológica e ideológica da História Oral no discurso da História”, pp.19-43.

_____________________________ e AMADO,Janaína (Orgs.).
(1998) Usos & Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV.2.ed. As partes 1 (“Questões”) e 2 (“Memória e Tradição”).

____________________________, FERNANDES,T.M. e ALBERTI,V. (orgs.)
(2000) História Oral: desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, Casa de Oswaldo Cruz, CPDOC – Fundação Getúlio Vargas. Praticamente o livro todo, mas sobretudo a parte 2: “Avaliações e tendências da história oral”.

MEIHY,José Carlos Sebe Bom (Org.).
(1996) (Re) Introduzindo a história oral no Brasil. São Paulo: Xamã. Os artigos: “(Re) Introduzindo a história oral no Brasil”, J.C.S.B. Meihy, pp. 1-10; “História Oral e tempo presente”, Marieta de Moraes Ferreira, pp.11-21; Déa Ribeiro Fenelon, “O papel da História Oral na historiografia moderna”, pp. 22-32.

THOMPSON,Paul.
(1992) A voz do passado: História Oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra. Capítulo 2: “Historiadores e História Oral”, pp. 45-103.
E vários artigos da Revista História Oral, publicada pela ABHO:

Número 1 (Junho 1998)
- Desafios e dilemas da história oral nos anos 90: o caso do Brasil - Marieta de Moraes Ferreira
- La historia sin adjetivos con fuentes orales y la historia del presente - Mercedes Vilanova
- Breve arqueologia da história oral - Norberto Guarinello

Número 2 (Junho 1999)
- Entrevista
- Como a História Oral chegou ao Brasil: Entrevista com Aspásia Camargo - Maria Celina D'Araujo

Número 4 (Junho 2001)
- Entrevistas
- A IOHA na voz de suas presidentes - Marco Aurélio Santana & Verena Alberti
- Entrevista com Mercedes Vilanova
- Entrevista com Marieta M. Ferreira

Número 5 (Junho 2002)
- História oral e contemporaneidade - Paul Thompson
- Fontes orais e história do Rio Grande do Sul: novas perspectivas ou falsos avanços? - Rejane Silva Penna

Número 6 (Junho 2003)
- Oral History at the University of California, Berkeley - Richard Cándida Smith
- Into the Mainstream: the Challenge of Oral History in Britain in the 21st century - Robert Perks

Volume 8, número 2 (Julho-Dezembro 2005)
- The view from where we stand: Oral History and expanded horizons – Ronald J. Grele



SITES de interesse:

ABHO – Site da Associação Brasileira de História Oral http://www.cpdoc.fgv.br/abho
CASA DE OSWALDO CRUZ - Site sobre o Programa de História Oral realizado pela Fundação Oswaldo Cruz desde 1986, no Rio de Janeiro. Sua temática é voltada para a área de Saúde no Brasil. O site apresenta listas de projetos já realizados e dos entrevistados de cada projeto. - www.fiocruz.br/coc/depho1.html

CPDOC - PROGRAMA DE HISTÓRIA ORAL - Site do Centro de Pesquisa e Documentação da Faculdade Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), criado em 1975. Seu Programa de História Oral já registrou cerca de 800 entrevistas de políticos ligados à história contemporânea do Brasil. Os resumos dos depoimentos estão disponíveis em uma base de dados e podem ser consultados por pessoas cadastradas no site. - www.cpdoc.fgv.br/historal/htm/ho_programahistoria.htm

FAVELA TEM MEMÓRIA - Site pioneiro sobre a memória das favelas cariocas – www.favelatemmemoria.com.br

IOHA (International Oral History Association) - http://www.ioha.fgv.br/


LABORATÓRIO DE HISTÓRIA ORAL - LAHO - Site com informações sobre o Laboratório de História Oral da Unicamp, que já desenvolveu projetos sobre a história de Campinas, negritude, imigração, vida familiar, educação e sociedade.
www.unicamp.br/suarq/cmu/laho/

LABHOI (Laboratório de História Oral e Iconografia) – http://www.historia.uff.br/labhoi/

NÚCLEO DE ESTUDOS EM HISTÓRIA ORAL - NEHO-USP - Site do Núcleo de Estudos em História Oral, ligado ao Departamento de História, da Universidade de São Paulo. Contém informações sobre os projetos desenvolvidos, além de bibliografia, artigos e links sobre o tema. - www.fflch.usp.br/dh/neho/

NÚCLEO DE ESTUDOS EM HISTÓRIA ORAL E MEMÓRIA - UFOP
Site com informações sobre o Núcleo de Estudos em História Oral e Memória, criado em 1988 pelo Departamento de História, da Universidade Federal de Ouro Preto. Seu objetivo é auxiliar os alunos que trabalham com a metodologia de história oral. - www.ufop.br/departamentos/nucleos/nehom/nehom.htm

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aula do dia 4 de setembro: Texto [1] Portelli



Oi, pessoal, na aula de 6a. feira, 4 de setembro, terminamos de falar das três modalidades de História Oral, abordando a História Oral temática e a Tradição Oral. Ensinamos a fazer uma ficha bibliográfica de conteúdo (distribuída em sala) e começamos a debater o texto [1], de Alessandro Portelli, o que continuaremos a fazer na 4a. feira, 9 de setembro. O esquema do texto encontra-se abaixo:

PORTELLI, Alessandro. The Death of Luigi Trastulli and other stories. Albany: State University of New York Press, 1991. Capítulo 3: “What makes Oral History different”, pp. 45-58.

Esquema do texto

1. Autor: Alessandro PORTELLI (1942-)
- Professor de Literatura Norte-Americana na Universidade de Roma La Sapienza, Portelli é hoje um dos maiores expoentes da História Oral e autor de inúmeros livros e artigos, alguns deles publicados no Brasil. Começou seus estudos como musicólogo, tendo se dedicado a pesquisar as canções populares e políticas italianas e as canções de protesto norte-americanas (inclusive Bob Dylan!). Na introdução a The Death of Luigi Trastulli ele conta que começou a praticar a história oral em 1969 “por acaso”, quando estava a pesquisar memórias suprimidas e formas de expressão e depois de juntar-se a um grupo político de extrema esquerda e comprar um gravador,. Em seus estudos há uma predominância clara de temas políticos, seja a memória da classe operária seja a referente a incidentes envolvendo nazistas e forças de resistência comunistas durante a 2ª. Guerra Mundial. O que mais impressiona em seus escritos é o rigor teórico aliado a uma enorme sensibilidade interpretativa, além da preocupação ética: para ele a História Oral é muito mais do que uma especialidade, é um espaço de diálogo entre os homens. Nas palavras do próprio: “Le mie passioni sono l’uguaglianza [a igualdade], la libertà, l’insegnamento, la musica popolare, la memoria, ascoltare i racconti delle persone, i libri e i film, e il rock and roll.”

2. Obra: The Death of Luigi Trastulli and Other stories
- É uma coletânea de artigos publicada nos Estados Unidos e que está dividida em três partes: uma metodológica – onde se insere o artigo “What makes Oral History different”, publicado pela primeira vez em italiano em 1979; a segunda parte dedicada à comparação entre duas culturas industriais, entre a cidade operária italiana de Terni e Harlan (Kentucky), nos Estados Unidos e por fim uma última parte composta de dois estudos interdisciplinares, um ligado ao Direito e outro à Literatura. O artigo que dá nome ao livro é um estudo clássico acerca da memória operária em Terni.

3. Estrutura do texto
- O artigo em questão “What makes oral history different”, foi sub-dividido pelo próprio autor em 7 partes depois de duas citações que servem de epígrafe e apontam para as possibilidades abertas pelo estudo da memória e sobre o objetivo último dos estudos históricos: conhecer os homens:

1. (46): Memories leading to theories
2. (46-48): The orality of oral sources
3. (48-50): Oral History as narrative
4. (50-51): Events and meanings
5. (51-53): Should we believe oral sources
6. (53-55): Objectivity
7. (55-58): Who speaks in Oral History

4. Objetivo do texto (do artigo, no caso):
- Depois da dramática abertura do texto (“Um espectro ronda os muros da academia”), Portelli afirma à p.46 que “This chapter will attempt to suggest some of the ways in which oral history is intrinsically different, and therefore specifically useful.” Se tivessemos que acrescentar algo, diríamos que é um artigo de defesa da História Oral contra determinados preconceitos e alguns mitos (aparentemente positivos), tentando demonstrar suas possibilidades, é um texto epistemológico, ou seja: o que a História Oral nos permite conhecer e de que forma.

5. Palavras-chave (ou conceitos centrais)
- Oralidade
- Subjetividade
- Narrativa
- Fato
- Significado
- Objetividade
- Fontes escritas
- Fontes orais
- Classe operária

6. Métodos
- É um texto basicamente teórico, mas eventualmente ele dá exemplos provenientes das suas pesquisas (ver item 7). Diríamos que é um método dialético (no sentido literal) porque ele parte das idéias erradas sobre a história oral para rebatê-las.

7. Fontes utilizadas
- Pesquisas anteriores de história oral realizadas por ele, como os casos da morte de Luigi Trastulli, das manifestações operárias em Terni em 1953, combatentes da resistência, veteranos de guerra, estudantes militantes da década de 60 e de um relato de um velho militante acerca de uma decisão do Partido Comunista que ele quase teria conseguido reverter. Também usa fontes propriamente literárias, como as duas epígrafes, o romance Lord Jim de Joseph Conrad e a autobiografia de Malcom X escrita por Alex Haley.

8. Conclusões do texto
- A mais importante é a idéia de que as fontes orais não são superiores nem inferiores às fontes escritas, somente têm suas especificidades, abrindo possibilidades de análise características. Mas não devem ser tomadas como uma panacéia política: elas não fazem a classe operária falar por si mesma, elas são fruto de um diálogo e devem ser submetidas à crítica da mesma forma que outras fontes utilizadas pelo historiador.

9. Questões e críticas




Site: http://alessandroportelli.blogspot.com/

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Como usar o site do Labhoi

Oi, pessoal, ontem (4a. feira, 2 setembro), fizemos uma ótima visita ao LABHOI (Laboratório de História Oral e Imagem), guiada por Denise Vieira Demetrio, que é Coordenadora Assistente. Ela nos falou do acervo, que guarda fitas, vídeos e DVDs com entrevistas e outros tipos de gravação (de eventos e performances, por exemplo), provenientes de diversos projetos. Ali estão, por exemplo, as fitas da pesquisa do Prof. Marcelo Bittencourt sobre o processo de independência de Angola. O acervo é aberto à consulta, vocês podem ir lá ouvir as fitas e há muito material a ser pesquisado e que pode servir de base para monografias, dissertações ou teses. Para explorar parte do material, embora os arquivos sononoros ainda não estejam disponíveis pela Internet, basta entrar no site do LABHOI, que também merece uma visita para os que não puderam fazê-lo na 4a. feira. Basta agendar com a Denise pelos telefones 2629 2832 e 2629 2833. Recomendo que explorem o site, sobretudo o Acervo Petrobrás, que contém a "decupagem" (uma espécie de sumário de material filmado) de todas as entrevistas do Projeto Jongos, Calangos e Folias, agrupado por temática. No site, entrem em Acervo Petrobrás, escolham um tema (Abolição, Jongo, Escravidão etc) e leiam trechos das entrevistas.

O site é: http://www.historia.uff.br/labhoi/

um abraço,

Alvito

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Aula de 2 de setembro (4a. feira) e visita ao LABHOI


Oi, pessoal, na aula de 6a. feira começamos a tratar das modalidades de História Oral e falamos da História Oral de vida através do exemplo de uma missionária evangélica entrevistada pelo meu primo em Acari. Nesta 4a., vamos terminar as modalidades de H.Oral e começar a debater o texto do Portelli "What makes Oral History different" o capítulo 3 do livro The Death of Luigi Trastulli, entre as páginas 45-58.

Lembro que também nesta 4a., às 14h, iremos visitar o LABHOI, que fica no 2o. andar do Bloco O. Espero que todos possam participar da visita, que é muito importante para conhecer o acervo e o modo de funcionar de um dos mais antigos e importantes núcleos de História Oral do Brasil.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Sobre o texto [1] Portelli, "What makes Oral History different"

Oi, pessoal, em relação ao texto [1], ele está na pasta sim, dêem uma olhada no conjunto de artigos do livro The Death of Luigi Trastulli and other histories. O TERCEIRO capítulo é exatamente o artigo "What makes Oral History different", ENTRE AS PÁGINAS 45-58 e que vai ser debatido na aula da próxima 4a. feira, 2 de setembro.

um abraço,

Alvito