terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aula do dia 4 de setembro: Texto [1] Portelli



Oi, pessoal, na aula de 6a. feira, 4 de setembro, terminamos de falar das três modalidades de História Oral, abordando a História Oral temática e a Tradição Oral. Ensinamos a fazer uma ficha bibliográfica de conteúdo (distribuída em sala) e começamos a debater o texto [1], de Alessandro Portelli, o que continuaremos a fazer na 4a. feira, 9 de setembro. O esquema do texto encontra-se abaixo:

PORTELLI, Alessandro. The Death of Luigi Trastulli and other stories. Albany: State University of New York Press, 1991. Capítulo 3: “What makes Oral History different”, pp. 45-58.

Esquema do texto

1. Autor: Alessandro PORTELLI (1942-)
- Professor de Literatura Norte-Americana na Universidade de Roma La Sapienza, Portelli é hoje um dos maiores expoentes da História Oral e autor de inúmeros livros e artigos, alguns deles publicados no Brasil. Começou seus estudos como musicólogo, tendo se dedicado a pesquisar as canções populares e políticas italianas e as canções de protesto norte-americanas (inclusive Bob Dylan!). Na introdução a The Death of Luigi Trastulli ele conta que começou a praticar a história oral em 1969 “por acaso”, quando estava a pesquisar memórias suprimidas e formas de expressão e depois de juntar-se a um grupo político de extrema esquerda e comprar um gravador,. Em seus estudos há uma predominância clara de temas políticos, seja a memória da classe operária seja a referente a incidentes envolvendo nazistas e forças de resistência comunistas durante a 2ª. Guerra Mundial. O que mais impressiona em seus escritos é o rigor teórico aliado a uma enorme sensibilidade interpretativa, além da preocupação ética: para ele a História Oral é muito mais do que uma especialidade, é um espaço de diálogo entre os homens. Nas palavras do próprio: “Le mie passioni sono l’uguaglianza [a igualdade], la libertà, l’insegnamento, la musica popolare, la memoria, ascoltare i racconti delle persone, i libri e i film, e il rock and roll.”

2. Obra: The Death of Luigi Trastulli and Other stories
- É uma coletânea de artigos publicada nos Estados Unidos e que está dividida em três partes: uma metodológica – onde se insere o artigo “What makes Oral History different”, publicado pela primeira vez em italiano em 1979; a segunda parte dedicada à comparação entre duas culturas industriais, entre a cidade operária italiana de Terni e Harlan (Kentucky), nos Estados Unidos e por fim uma última parte composta de dois estudos interdisciplinares, um ligado ao Direito e outro à Literatura. O artigo que dá nome ao livro é um estudo clássico acerca da memória operária em Terni.

3. Estrutura do texto
- O artigo em questão “What makes oral history different”, foi sub-dividido pelo próprio autor em 7 partes depois de duas citações que servem de epígrafe e apontam para as possibilidades abertas pelo estudo da memória e sobre o objetivo último dos estudos históricos: conhecer os homens:

1. (46): Memories leading to theories
2. (46-48): The orality of oral sources
3. (48-50): Oral History as narrative
4. (50-51): Events and meanings
5. (51-53): Should we believe oral sources
6. (53-55): Objectivity
7. (55-58): Who speaks in Oral History

4. Objetivo do texto (do artigo, no caso):
- Depois da dramática abertura do texto (“Um espectro ronda os muros da academia”), Portelli afirma à p.46 que “This chapter will attempt to suggest some of the ways in which oral history is intrinsically different, and therefore specifically useful.” Se tivessemos que acrescentar algo, diríamos que é um artigo de defesa da História Oral contra determinados preconceitos e alguns mitos (aparentemente positivos), tentando demonstrar suas possibilidades, é um texto epistemológico, ou seja: o que a História Oral nos permite conhecer e de que forma.

5. Palavras-chave (ou conceitos centrais)
- Oralidade
- Subjetividade
- Narrativa
- Fato
- Significado
- Objetividade
- Fontes escritas
- Fontes orais
- Classe operária

6. Métodos
- É um texto basicamente teórico, mas eventualmente ele dá exemplos provenientes das suas pesquisas (ver item 7). Diríamos que é um método dialético (no sentido literal) porque ele parte das idéias erradas sobre a história oral para rebatê-las.

7. Fontes utilizadas
- Pesquisas anteriores de história oral realizadas por ele, como os casos da morte de Luigi Trastulli, das manifestações operárias em Terni em 1953, combatentes da resistência, veteranos de guerra, estudantes militantes da década de 60 e de um relato de um velho militante acerca de uma decisão do Partido Comunista que ele quase teria conseguido reverter. Também usa fontes propriamente literárias, como as duas epígrafes, o romance Lord Jim de Joseph Conrad e a autobiografia de Malcom X escrita por Alex Haley.

8. Conclusões do texto
- A mais importante é a idéia de que as fontes orais não são superiores nem inferiores às fontes escritas, somente têm suas especificidades, abrindo possibilidades de análise características. Mas não devem ser tomadas como uma panacéia política: elas não fazem a classe operária falar por si mesma, elas são fruto de um diálogo e devem ser submetidas à crítica da mesma forma que outras fontes utilizadas pelo historiador.

9. Questões e críticas




Site: http://alessandroportelli.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário